sábado, 17 de novembro de 2012

Brancas Noites


Brancas noites
cordilheiras hediondas que
chovem vasculares sobre
o choro, sobre a cera

olhos negros, vazios em folhas
poemas ermos e políticos
e ébrios e pequenos

palavras ferinas, incômodas
toda a prataria de
alguém a sentir

desejos castos
palavras castas
objetos delirantes

sou todo eu a
sonhar as ilhas vastas
o som poético
dos orgasmos revividos

Paisagens lúgubres
homens de carvão a
correr sofridos dentro da história

Decidi ser tão grande
quanto o que sinto

aproximem-se das castas curvas
da mulher a sorrir o mar
a sorrir a rua
a sorrir o esquecimento
e sua memória implacável

que nisso tudo serei eu
máquina de versos e
de homens
mixórdia de luz e noite
frente a todas as locomotivas
a correr, a gritar
a sorrir

Poema registrado na Biblioteca Nacional

Nenhum comentário:

Postar um comentário