Brancas noites
cordilheiras hediondas que
chovem vasculares sobre
o choro, sobre a cera
olhos negros, vazios em folhas
poemas ermos e políticos
e ébrios e pequenos
palavras ferinas, incômodas
toda a prataria de
alguém a sentir
desejos castos
palavras castas
objetos delirantes
sou todo eu a
sonhar as ilhas vastas
o som poético
dos orgasmos revividos
Paisagens lúgubres
homens de carvão a
correr sofridos dentro da história
Decidi ser tão grande
quanto o que sinto
aproximem-se das castas curvas
da mulher a sorrir o mar
a sorrir a rua
a sorrir o esquecimento
e sua memória implacável
que nisso tudo serei eu
máquina de versos e
de homens
mixórdia de luz e noite
frente a todas as locomotivas
a correr, a gritar
a sorrir
Poema registrado na Biblioteca Nacional
Poema registrado na Biblioteca Nacional
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