a pousar sobre o tempo
Tempo de vislumbre
e cantos
Tempo de esquilos
solitários, lentos
que vejo estendidos
às paredes, vítreos
Tempo de não tempo
de róseos dias, chuvas
Tempo de cantar
a águia e seu solilóquio
aéreo
Tempo de louvar
o dom divino do poema
e seus ombros macios
suas curvas mestras
Tempo de esconjurar
a memória dos gramados
umedecidos pela noite
e sua lua a gritar virtudes
Tempo de transparecer
o mundo e seu perjúrio pequeno
que se insinua mastro
e prender-se às rodas
metálicas que sussurram
suas canções tortas
Tempo de embarcar
qualquer trem
por quaisquer trilhos
pousar a cabeça sobre
as folhas que morreram
clamando os metais
e descobrir vidas
a alimentar a terra
Grande amálgama
de água acumulada
Encontrar uma maçã
caída sobre os alabastros pequenos
oníricos
e morder sua carne sombria
imensa
Arquitetar palavras que
se sucedem e oferecê-las
à luz, como tempestades
serenas