quinta-feira, 26 de agosto de 2010

A rosa

A rosa lúgubre
sua face neutra
seus sons corruptos
seu odor sem odor

A rosacorpo de mulher
distinta
e as rosas sem pudor
das meretrizes

A rosa do samba
morto
da destruição
da noite

do absurdo
negro de
agosto

a rosa sem
rosa

A rosasolidão
da política

As rosas insalubres
dos caixões

As rosas perdidas
pelos botecos ermos

Mundo do novo século
Há um cheiro
de morte da rosa
em teu ar
sem o ar

Há um cheiro
de um mundo
sem mundo

Há um cheiro de Deus
sem perdão

Há um cheiro
de dor sem oblívio

um cheiro de rosa
rubra nua
deitada estendida
morta

Nenhum comentário:

Postar um comentário