Distinta cai a lua para dentro do mundo
Sua chama ainda é branda e coteja a chama do dia
Fim de tarde quase morto, princípio de noite quase vivo,
e o ar e sua confusão metálica
forças de aves pairam sobre o corpo das ruas,
confusos metais brilham, luzes se anunciam tímidas e mortíferas,
e o barulho parece cego, depravado...
mulheres banham-se em tristezas... e o rebanho de automóveis
corre longe...
Eu estou perto... perto mas escondido como um corvo
sentindo tiritar o que só eu mesmo sinto -
a agressão do mundo, a palidez da alegria instituída,
a força corrosiva de tudo que progride...
Minhas mãos...apenas minhas mãos...como pele de fauna santa
trabalham martirizando-me, mostrando-me como tudo
tem de ser... sereno e amargo... doloroso e grande
como a lua que se mostra fibrosa e distante
Vento do crepúsculo...teu sangue é como uma vida implorando vida
teu rosto está tingido de paródias...tuas histórias são
vastas e delirantes... teu talo é pequeno e enraizado.
Nada o move do momento que apontas... o único momento
em que apareces encharcado de verbos...
o momento do anoitecer, quando a lua é
um primórdio tímido estufando melodias...
a melancolia... o desarranjo.
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