sábado, 17 de dezembro de 2011

O osso

Veste a gravata calma
Que é obra do acaso
E do oblívio

É bandeira de pudor
Osso do ofício de poeta
Entrevado e cinza

Vá para a Europa
Terra da história e do futuro
Suas mil engenharias
E o arvoredo

Faz luz de madrugada
No cego é força o pêlo
E a névoa da boca é troca

Boca de carne
Seu sangue é pedra e dívida
No osso do ofício de poeta
Há um sofrer maior que um querer
Maior que tudo.


*Poesia registrada na Biblioteca Nacional

sábado, 25 de junho de 2011

Estive andando entre árvores

Estive andando entre árvores e tudo o que vi foi

um grande declive na boca das pessoas... como

um andarilho neste passo e no arvoredo estive remoendo

coisas, músicas, entorpecentes, memórias


quero dizer a todos que apresento um pássaro negro

belo, com regras, sua disciplina é espartana e por onde olho

vejo-o como exemplo e escuridão


estive andando entre águas e entre gases

estive andando como um viciado em idéias

e por onde olho deixo visões alucinadas que me corroem

como a noite


estive andando sozinho e estive marcando

muitas tardes, muitos sorrisos,

estive brotando na carne de mulheres que jamais conheci


tenho sido fogo, tenho sido ameaça

tenho sido perigo

estive andando entre árvores e deixei

pegadas como um bicho


Companheiros de blogosfera, de versejo e de paixões ludopédicas. Mudei o nome do blog. Andava me sentindo estranho com tanta contemplação e pouca ação. Também resolvi publicar meus poemas no preto no branco, como vovó fazia. Todos os poemas postados até agora fazem parte de um recolho intitulado "Os primórdios", que enviei para a 7letras. Aguardo resposta, que deve ser, provavelmente, não... rs. Como desde novembro de 2010 não publico nada aqui, aqui vai (acima) mais um dos meus dispensáveis poemas. Abraços.